sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O autor Ciro Flamarion Cardoso, em sua obra “Uma Introdução História” vem colocar em debate a questão de a História ser uma ciência ou não.


Já no primeiro capítulo ele coloca:
1- Será a História uma ciência?
1.1 – introdução o problema da cientificidade da História.
1.2 – O que é ciência?
1.3 – Historia: um só termo, vários significados.
1.4 – A evolução moderna da História como disciplina.


Aqui aparecem várias correntes, que defendem ou não a História como ciência, uma delas é a corrente neopositivista que diz que a História não é e nem pode ser ciência, pois seu objeto são fatos ou acontecimentos “únicos”, “singulares”, “individuais”, não passiveis de leis. Diante disso o neopositivísmo nega a possibilidade da cientificidade plena, não só da História, mas mesmo da Biologia, por achar que os fatos da história humana e as da evolução biológica são “acontecimentos únicos”.



Já a corrente marxista, diz que a História pode ser plenamente cientifica.
Mas os marxistas contemporâneos como Jaeglé e Roubaud defendem que “Para o objeto único: a História. Para o objeto repetido: as ciências”.



A corrente positiva representada aqui por Marc Bloch, defini a História como ciência. Para ele não se trata da “ciência do passado,” mas “a ciência dos homens no tempo”.




É nestas variáveis correntes que o autor mostra os problemas da História ser ou não uma ciência.





No segundo capitulo, Flamarion aborda: 1 - O método cientifico em História. 1.1 - A Historia tradicional e seu método de crítica documental erudita.
1.2 – Os passos do método cientifico.
1.3 – Tarefas e problemas do método cientifico em História.

É no decorrer destes capitulo que ele mostra as dificuldades persistentes para ao caminho da construção da História como ciência, ele chama a atenção de que esta dificuldade passa a ser até mesmo a maior de todas, é o processo de construção das teorias.


Um exemplo de teoria cientifica no âmbito das ciências naturais:
“Uma teoria cientifica se compõe de duas partes. A primeira parte é um calculo lógico abstrato. Além do vocabulário da Lógica, esse cálculo inclui os símbolos primitivos da teoria, cuja estrutura lógica é estabelecida pelo enunciado de axiomas ou postulados...”
“A segunda parte da teoria é um conjunto de regras que atribuem conteúdo empírico ao cálculo lógico, proporcionando as chamadas definições coordenadoras ou interpretações empíricas de pelo menos alguns dos termos primitivos e definidos do cálculo. Sempre se acentua que a primeira parte não basta para definir uma teoria cientifica, pois sem especificação sistemática da interpretação empírica objetivada não é possível...apreciar a teoria como ciência...”


O autor propõe que é preciso reconhecer que, no âmbito das ciências sociais, principalmente na História, a construção teórica padece de grandes deficiências. Uma das principais dificuldades consiste em que as sociedades humanas são o que Raymond Boudon chama de sistemas indefinidos: os seus componentes nem sempre podem ser identificados delimitados, precisa e completamente. As teorias sociais não são sistemas coerentemente deduzidos de um pequeno número de axiomas, e sim construções bem mais vagas, contendo leis que são somente enunciados gerais que se aplicam a um grande número de casos, mas apenas como probabilidade (e às vezes de grau bastante baixo), sem qualquer caráter necessário.

O problema que o autor levanta é que as imperfeições no aspecto da legalidade e da predição, algo comum a Historia e ás outras ciências sócias, no que se refere a forma em que constroem teorias e o obstáculo mais especifico que se ergue no caminho da História cientifica é a preocupação persistente com “o particular”,ou seja, o historiador continua com muita freqüência pretendendo limitar-se a aprender cada estruturação ou processo histórico particular em toda a sua complexidade, portanto em sua originalidade irredutível, mesmo que ao mesmo tempo, já não desdenha a procura de legalidades, generalizações e leis.


No terceiro capítulo, coloca o que é necessário para trabalhar um projeto de pesquisa:
1 – Os passos da pesquisa histórica.
1.1 – O projeto de pesquisa.
1.2 – As primeiras fases do projeto de pesquisa:da seleção do tema á elaboração do projeto.
1.3 – A fase de documentação ou coleta de dados.
1.4 – Crítica e elaboração dos dados.
1.5 – Síntese e redação.
1.6 – Conclusão: cada vez mais ciência.


Fazendo todo esse processo adequadamente pelos historiadores, o autor fala que em breve, mesmo por caminhos diversos, a uma formalização e explicitação crescente de hipóteses,explicações e formulações legais , o que só pode construir elementos da maior importância de se pretender coroar as difíceis e longos trabalhos da pesquisa histórica, com a elaboração de uma Historia cada mais cientifica.
Portanto, é inevitável a clareza do autor de que a História não é uma ciência em si, mais uma ciência que é construída a cada dia, e que esta construção tem sido cada vez mais rica no que diz respeito a que serve a História para humanidade.
A escravidão foi abolida, o chicote não¹

Andressa Lauret Narboni²



Resumo: Este artigo tem como objetivo tentar por em discursão, o motivo pelo qual levou os marinheiros da Marina Brasileira a se rebelarem contra seus oficiais e o governo, e que este levante não foi eclodido de uma hora para outra, para que ele acontecesse houve toda uma preparação por parte dos marujos para impor suas reivindicações, e que mesmo que elas de imediato foram atendida sendo a chibata abolida, como era exigido, mas quais foram as conseqüências que esses marinheiros sofreram por parte das autoridades e quais foram os meios que estes usaram para punir esses revoltos.


Palavras-chaves: abolição, escravidão, Proclamação da Republica, Marinha do Brasil, resistência, Revolta da Chibata.


No século XIX, todos sabiam que as forças armadas usavam o castigo corporal para punir marinheiros e soldados indisciplinados. A recusa da população masculina ao castigo corporal era tão grande que os oficiais tinham dificuldade para recrutar soldados e marinheiros. Para que esse recrutamento acontecesse era usada a arbitrariedade, e não apenas para o recrutamento. Após o individuo ser recrutado ele teria que ser disciplinado e não criar nenhum problema para os oficiais, para evitar o castigo. A punição com o castigo físico era visto como método rotineiro de correção. Foi só ao longo do século XIX que a privação da liberdade foi tomando o lugar da punição com castigos corporais. O que não poderia haver era o exagero nos castigos. Se ocorresse, o castigo era visto como injusto, excessivo.
A guerra do Paraguai foi uma das razões para se pensar no fim dos castigos militares. Pois, como bater em soldados e marinheiros que haviam sido vitoriosos, considerados como verdadeiros “heróis” pela sociedade? Ou ainda como continuar castigando fisicamente marinheiros que eram homens livres, sendo que havia sido criada uma lei em 1887, que proibia o castigo corporal em escravos.
Um dia após a Proclamação da Republica, 16 de novembro de 1889, o Ministro da Marinha extingui os castigos corporais em marinheiros.
No ano seguinte 1890, os castigos voltam a ser praticados, estando previstos:


Para as faltas leves, prisão a ferro na solitária, por um a cinco dias, a pão e água; faltas leves repetidas, idem, por seis dias, no mínimo; faltas graves, vinte e cinco chibatadas, no mínimo.


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¹ Artigo apresentado à disciplina historia do Brasil século XX, sob orientação da docente Liliane Maria Fernandes Cordeiro Gomes.
² Aluna de Graduação em Historia do Departamento de Educação- Campus X UNEB, Teixeira de Freitas, Bahia.







Sendo os marinheiros nacionais, quase todos negros ou mulatos e que tinham sob seu comando uma oficialidade branca, e estando estes marinheiros em contato freqüente com as marinhas de paises mais desenvolvidos á época, eles percebiam que estes tipos de punições já não mais existiam em seus navios de guerra, eram considerados degradantes.
De acordo com Francisco de Assis e Bastos, comum a esta situação reforma e a renovação dos equipamentos e técnicas da Marinha do Brasil era incompatível com o código disciplinar que remontava dos séculos XVIII e XIX.
Essa diferença foi percebida pelos marujos quando estiveram na Inglaterra, em 1909, de onde voltaram influenciados, mas também pela revolta dos marinheiros da armada Imperial Russa, no encouraçado Potemkim, ocorrida em 1905.
Ainda em território inglês, o marinheiro João Candido Felisberto formou clandestinamente um Comitê geral para trabalhar o projeto da revolta dando origem a vários outros comitês revolucionários para cada navio a entrar no levante, que se reuniam no Rio de janeiro entre 1909 e 1910. Em 1910 juntou-se a este comitê o marinheiro Francisco Dias Martins, conhecido como “Mão Negra” que tinha facilidade para escrever e também ficado famoso por uma carta, sob este pseudônimo, aos oficiais contra a chibata em recente viagem ao Chile.
Sendo assim, esta não era uma revolta qualquer, mas sim um movimento organizado, desempenhado por marinheiros, que exigia mudanças na legislação penal e disciplinar da Marinha de guerra e melhores condições de trabalho.





Segundo Francisco de Assis e Pedro Bastos, a idéia era que o levante acontecesse para dez dias após a posse do presidente Hermes da Fonseca, o que antecipou o ápice da revolta, acabou sendo a punição praticada ao marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes do Encouraçado Minas Gerais. Por ter trazido cachaça para bordo e em seguida ter ferido com uma navalha o cabo que o denunciou.
A tripulação assiste a punição aplicada em Marcelino, a este não são aplicada 25 chibatadas, mesmo desmaiando durante a aplicação do castigo, as chibatadas continuaram até atingir 250 chicotadas.
Na noite de 22 de novembro de 1910, quando a elite republicana encontra-se presente numa programação para homenagear o recém empossado presidente da Republica. O motim explode, quando mais de 2.000 marinheiros, liderado por João Candido, denominado pela imprensa de “Almirante Negro”, tomaram os quatro maiores navios da Marinha Brasileira, o Minas Gerais, São Paulo, Deodoro e o scout Bahia, e ameaçaram bombardear a capital federal caso o governo não atendesse as suas reivindicações.

“Nós, marinheiros, cidadãos brasileiros e republicanos, não podemos mais suportar a escravidão na Marinha Brasileira, a falta de proteção que a Pátria nos dá, queremos reformar o código imoral e vergonhoso que nos rege, a fim de que desapareça a chibata, o bolo e outros castigos semelhantes.”


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De acordo com Skidmore (p. 125) neste momento a elite brasileira passa por uma infeliz coincidência, quando o motim surge se encontra no Brasil, o ilustre estrangeiro, inclusive lorde Bryce, um famoso estudioso constitucional. Que mais tarde escreve:


Estávamos almoçando no Ministério das Relações Exteriores [...] quando subitamente o pesado troar dos canhões se fez ouvir, e continuou em intervalos durante toda a refeição.

ESTA ELITE QUERIA MOSTRAR AOS DE FORA QUE O Brasil estava se modernizando, modernização esta que era copia dos paises em destaque, principalmente a França. Não media esforços para que fosse notado e ate mesmo receber um elogio, Mas como?Diante dessa situação tão embaraçosa?Os esforços do Ministro das Relações Exteriores não se deram.
Neste momento a elite do Rio, se encontra aterrorizada diante da ameaça dos navios e seus canhões, ficando impressionada com a revolta.
Segundo Skidmore, se por um lado, ela estava envergonhada diante de uma tal insurreição “bárbara” ocorrendo em supostamente civilizada cidade, uma ameaça, alem do que vinha dos negros brasileiros, a quem a elite queria eliminar pelo”branqueamento” . Por outro lado, estava pasma diante das habilidades náuticas dos marinheiros negros. Onde haviam eles aprendido a comandar esses navios?Como poderia supostos analfabetos comandar navios tão “complexos”?
De fato eram castigos desumanos, dolorosos. Após a Proclamação da República, adotou-se um novo código disciplinar na Marinha, que agravou ainda mais as penas aplicadas aos marinheiros.Os marinheiros exigiam também, a anistia isto é, não seriam punidos por terem se rebelados .O presidente , sem outra alternativa, por iniciativa de Rui Barbosa, na época senador, foi proposto e aprovado um projeto que atendesse aos marinheiros e lhes concede anistia.Assim os revoltosos depuseram as armas e se submeteram as autoridades.
Porém, de acordo com Koshiba e Pereira:

As concessões do governo ficaram só no papel. Os novos comandantes nomeados para os navios, revoltados ordenaram a prisão de João Candido e seus companheiros.
E quatro dias depois, em 28 de novembro, o governo publicou um decreto autorizando “a baixa, por exclusão das praças do Corpo de Marinheiros Nacionais cuja permanência se torna inconveniente a disciplina”.
Após os marinheiros serem presos na Ilha das Cobras, e traçado uma estratégia pela própria marinha e com o apoio do Exercito para justificar de que é uma reação aos prisioneiros, a Marinha bombardeia a Ilha, onde centenas de marinheiros foram mortos, e os que sobreviveram são deportados para a extração da borracha no Acre, onde na viagem muitos foram assassinados. E João Candido terminou seus dias como um simples desconhecido na cidade do Rio de Janeiro.
Mas o que podemos perceber, é que os amotinados demonstraram uma insatisfação com a República, que no decorrer das duas primeiras décadas do novo regime, os sucessivos governos não haviam sido capazes de tratá-los como “cidadãos fardados” e ‘republicanos” e, por isso, não suportavam mais a “escravidão na Marinha Brasileira”.
Portanto, fica evidente de que mesmo sendo ameaçado por uma revolta ate mesmo inesperada por parte dos oficiais e do governo, as autoridades conseguem criar meios de colocar seus subalternos numa posição, onde sempre serão reprimidos nas suas lutas por melhores condições de vida dentro de uma sociedade recém republicana.
Éa partir desses conflitos que podemos analisar o modo de como se deu a continuidade de repressão atribuídas aos negros do Brasil República.
Conhecimento científico


Conheceremos um pouco sobre a atitude cientifica e concepção da ciência, dois conhecimentos importantes para a nossa vida.
A família é uma realidade natural criada pela natureza para garantir a sobrevivência humana. A raça é uma realidade natural ou biológica produzida pela diferença dos climas, da alimentação, da geografia e da reprodução sexual.
Historiadores e antropólogos mostram que o que entendemos por família é uma instituição social do século XV e próprio da Europa Ocidental, e mostra que não é um fato natural, mas uma ligação sociocultural. Sociólogos e antropólogos mostram que a idéia de raça é recente dada no século XVIII, a uma grande diferença entre as certezas cotidiana e o conhecimento cientifico. A ciência desconfia da veracidade de nossas certezas e da adesão imediata as coisas, da ausência de critica e da falta de curiosidade. Muitas vezes onde nós vemos acontecimentos e fatos a atitude cientifica só vê problemas e obstáculos que precisam ser resolvidos.
A ciência distingue-se do senso comum, ou seja, este se baseia em hábitos, tradicionalmente cristalizadas.
A ciência é conhecimento que resulta de um trabalho racional.
A universidade e a necessidade dos objetos à ciência matemática um valor de conhecimento excepcional, fazendo com que se tornasse modelo principal de todos os conhecimentos científicos.
O objetivo cientifico é uma representação intelectual universal, necessária e verdadeira das coisas representadas, e corresponde à própria realidade, porque esta é racional e inteligível em si mesma. As experiências são realizadas apenas para verificar e confirmar as demonstrações teóricas e não para produzir o conhecimento do objeto, pois este é conhecido pelo pensador.
A teoria científica resulta das observações e dos experimentos, de modo que a experiência não tem simplesmente a função de verificar e confirmar conceitos, mas de produzi-los
A concepção racionalista era hipoteticamente dedutiva, isto é, definia o objeto e suas leis e disso deduzia propriedades, efeitos posteriores, previsões. Já a concepção empirista era hipotético-indutiva, isto é, apresentava suposições sobre o objeto, realizavam observações e experimentos e chegavam à definição dos fatos, as suas leis, suas propriedades, seus efeitos posteriores e a previsões.
A ciência antiga era uma ciência teor ética, ou seja, apenas contemplava os seres naturais, sem jamais imaginar intervir neles ou sobre eles por meio técnicos.
Francis Bacon dizia, “saber e poder”, e Descartes escreveu que “ a ciência deve tornar-nos senhores da natureza”.
É mais correto falar em tecnologia do que em técnica. De fato, a técnica é um conhecimento empírico, que graças á observação, elabora um conjunto de receitas e praticas para agir sobre as coisas. Já a tecnologia, é um saber teórico que se aplica praticamente.
Uma lente de aumento é um objeto técnico, mas o telescópio e o microscópio são objetos tecnológicos, pois sua construção pressupõe o conhecimento das leis cientificas definida pela óptica.
O papel do fato cientifico não é o de falsear ou falsear uma teoria, mas o de provocar o surgimento de uma nova teoria verdadeira.


CHAVI, Marlena convite á filosofia 12ª Ed.
São Paulo: Ática, 2002 p- 247-262
Resenha


Andressa Lauret Narboni


Jardim, João. Pro Dia Nascer Feliz, filme documentário, produção Tambellini. Filme SP ano 2006.


João Jardim nasceu na cidade do Rio de Janeiro, estudou cinema e posteriormente jornalismo na Universidade de Nova Iorque, seus principais documentários incluem “Free Tibet” and “Terra Brasil” e “Janelas da Alma”. Foi também assistente de Direção de Carlos Diegues em “Dias Melhores Virão”.
A produção do filme: Pro dia nascer feliz é importante, pois aborda a realidade do adolescente brasileiro tendo como base sua vivencia em escolas públicas e particulares de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. O próprio diretor o define como “um diário de observação da vida do adolescente no Brasil em suas escolas”.
O documentário é direcionado a todos que trabalham na educação, pois retrata vários dos problemas que as instituições de ensino enfrentam e também aos jovens, onde ao assistirem o filme perceberão claramente seus conflitos sendo dialogados através dos depoimentos dados nas entrevistas e no ambiente do documentário. E esses dois aspectos são organizados de forma seqüencial, onde o ambiente é mostrado de acordo com seus respectivos educadores ou alunos.
Um dos problemas que foi abordado no filme é a recuperação que muitos estudantes enfrentam no final de cada ano letivo e que isso não só acontece nas escolas públicas, mas também nas particulares, a diferença talvez esteja na pressão psicológica que o aluno das escolas privadas sofre por parte da família, parece que é bem maior.
Outro problema é a questão da violência existente neste meio, numa escola mostrada no filme, uma aluna acaba sendo morta a facadas dentro da escola, e com relação a este grave problema, o documentário ao abordar um dos alunos com a questão do aumento da criminalidade, ele fala “a tendência é aumentar se o sistema não acabou quando era menor, agora que está deste tamanho”.
O filme mostra também um problema que a cada dia tem se tornado comum nas escolas que é a faltas dos professores ao trabalho, e a causa disso tem sido na sua maioria, problema emocionais gerados através dos conflitos entre professores e alunos, muitas vezes o professor se entrega tanto ao se trabalho, no sentido de querer resolver tudo, que ele acaba por não ter mais condições de ir trabalhar. No depoimento de uma das professoras entrevistada, percebe-se que seu estado emocional está bem prejudicado devido aos conflitos com um aluno.
Em uma outra entrevista, e esta com uma aluna de uma escola do interior de Pernambuco, ela relata as várias dificuldades que ela os colegas enfrentam para conseguirem estudar, mas o que choca mais ainda é quando ela fala do prazer que tem de escrever suas poesias e ao levar para o professor, ele diz que não é dela, que ela copiou de alguém ou fraguimentou partes de textos alheios.
Outro ponto mostrado no documentário é a questão da pratica pedagógica, onde cada professor tem uma maneira de ensinar, uns faz de forma correta outros não, e isto nos mostra como nossa educação é deficiente.
O diretor foi muito feliz em fazer este documentário, pois é a mais pura realidade dos adolescentes e seu meio escolar. Seria bom que todos os educadores e jovens pudessem assistir este filme, pois este possibilita a reflexão dos conflitos vividos no decorrer da vida escolar.

1- TEIXEIRA DE FREITAS: DAS ORIGENS À FORMAÇÃO DO

Teixeira de Freitas, formada inicialmente por famílias afro-descendentes, ora conhecida pelo nome de “Mandiocal”, ora de “Comércio Localizada no extremo sul da Bahia, a 884 km da capital do estado, a cidade de dos Pretos”, não apresentava perspectivas de crescimento. A partir dos anos 60, com o grande comércio de madeira de lei, o povoado desenvolveu-se bastante, o que proporcionou a imigração de comerciantes, agricultores e pecuaristas de outras regiões. Segundo relatos orais, na década de 60, as primeiras fazendas de gado foram instaladas no povoado, sendo a mais antiga, a Fazenda Cascata, que se constituía no ponto de referência da região, pertencente ao coronel Quincas Neto. Nesta época, os meios de transporte mais utilizados eram o cavalo e a canoa, vez que não existiam estradas que dessem acesso aos demais distritos. Neste período chegou os primeiros moradores, a exemplo da família Guerra.

Implantado às margens da BR 101, o município de Teixeira de Freitas cresceu assustadoramente, sendo emancipado com uma população de 63 mil habitantes, em o9 de maio de 1985. Segundo dados do Censo Demográfico de 2000, a referida cidade tem uma população estimada em 96.000 habitantes (IBGE, 2000). Na agricultura, tem se destacado como 8° produtor baiano de maracujá, 10º em batata-doce e possui produção expressiva de mandioca e limão. Na pecuária, apresenta importante criação de bovinos, alem de rebanhos suínos, eqüinos e muares.

Teixeira de Freitas tem tradição nas atividades agropecuárias e comerciais, sendo que um dos fatores fundamentais para tais aptidões diz respeito à sua localização geográfica, vez que, a cidade faz limites com os estados do Espírito Santo e Minas Gerais. Tal condição geográfica propiciou a entrada de um número significativo de capixabas e mineiros na cidade.

Cheguei em Teixeira de Freitas em janeiro de 1973, a minha primeira atividade desenvolvida aqui foi a madeireira. A princípio enfrentei algumas dificuldades principalmente em relação à cultura que encontrei aqui, pois vim de uma região de imigrantes europeus, onde se conserva a cultura italiana até hoje. Com o passar do tempo, fui me adaptando aos costumes da cidade, apesar de ter conservado alguns traços da minha cultura. Teixeira de Freitas é um lugar muito bom para viver, é uma região rica e com excelente clima, isso faz com que muitas pessoas continuem (sic) vindo de outros estados para viver aqui (informação verbal).

E mais tarde os japoneses, cujo desbravamento deu um tom no cotidiano urbano. Os capixabas e os mineiros agregaram ao comercio local a pujança que tornou a cidade atualmente, em uma das mais desenvolvidas do estado da Bahia. Conforme registros na Junta Comercial do Estado da Bahia – JUCEB, a cidade possui 656 indústrias, 14º lugar Na posição geral e 5.305 estabelecimentos comerciais, 10ª posição dentre os municípios baianos.
















1.1- SUA HISTÓRIA
A emancipação do município foi estabelecida pela Lei 4.452 de 9 de maio de 1985. A instalação se deu em 1º de janeiro de 1986. A área do município é de 1.157,4 km². A história da cidade, embora recente, guarda aspectos pitorescos e valiosos que auxiliam a analisar a situação socioeconômica atual no município. Vários destes aspectos foram relatados por antigos moradores e, entre eles o fato de que em 1965/66 já existiam vários núcleos que, embora vizinhos, pertenciam a municípios diferentes: é o caso de Vila Vargas, Jerusalém, São Lourenço e do bairro rural Duque de Caxias, que pertenciam ao município de Caravelas, Monte Castelo, Bairro da Lagoa (onde está o shopping Teixeira Mall Center) e Buraquinho pertenciam aCaravelas.Teixeira de Freitas foi criado com o desmembramento de terras de Alcobaça e Caravelas.
O povoado de Teixeira de Freitas teve sua origem em consequência do grande volume de madeira de lei existente na região, o que proporcionou a formação de casas, criando assim, o povoado, que mais tarde foi denominado São José de Itanhém, por ficar próximo à margem esquerda do rio Itanhém.
Porém há relatos de que já na década de 50, quando ainda havia matas virgens no local onde hoje se situa Teixeira de Freitas, chegaram Hermenegildo Félix de Almeida, Atila Nunes, Tarcísio Antunes e José Júlio de Oliveira, iniciando o desmatamento; posteriormente, a firma Eleosíbio Cunha construiu um acampamento coberto de palhas, dando início à extração de madeira. Mais tarde chegaram para fixar residência no dito povoado Joel Antunes, Manoel de Etelvina, Aurélio José de Oliveira, Duca Ferreira e a família dos Guerra.
Em 14 de abril de 1958, na capela de São Pedro, foi celebrado o primeiro casamento religioso, sendo o celebrante o Frei Olavo (OFM) e nubentes Aurélio José de Oliveira e Izaura Matias de Jesus.
Devido ao bifurcamento das estradas de rodagem Alcobaça e Água Fria, hoje cidade de Medeiros Neto e o povoado de São José de Itanhém ao porto de Santa Luzia, no município de Nova Viçosa, sendo esta a última rodagem de propriedade da firma madeireira Eleosíbio Cunha, o povoado de São José de Itanhém era conhecido popularmente como “Povoado Perna Aberta”, hoje no centro de Teixeira de Freitas, as antigas rodagens estão localizadas na Avenida Marechal Castelo Branco e rua Princesa Isabel, fazendo sua junção na esquina da Casa Barbosa.
Com o grande comércio de madeira de lei, o povoado se desenvolveu bastante, atraindo comerciantes, agricultores e pecuaristas de outras regiões, entre eles Egberto Rabelo Pina , Alcenor Barbosa , José Alves Pereira este último morador da rua Princesa Isabel desde o ano 1964, pai de uma das mais conhecidas pedagogas da região Prof Deyse Maria pereira Santana.
Com a morte do ilustre baiano e estatístico Mário Augusto Teixeira de Freitas, o idealizador e organizador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o governo achou por bem prestar-lhe uma homenagem póstuma, tendo os chefes das agências de estatísticas recebido ordens da direção central do IBGE no sentido de propor junto aos prefeitos de cada município que fosse dado o nome de Teixeira de Freitas a um logradouro. Em 1957, o então chefe das agências de estatísticas de Alcobaça, Miguel Geraldo Farias Pires, em cumprimento às determinações emanadas da Inspetoria do IBGE na Bahia solicitou oficialmente à Prefeitura e Câmara de Alcobaça a homenagem póstuma ao baiano Teixeira de Freitas, dando o nome dele ao Povoado de São José de Itanhém, o que foi bem aceito pelo Executivo e Legislativo de Alcobaça.
Mesmo sem contar com qualquer infra-estrutura, inclusive energia elétrica e vias de acesso razoáveis, estes núcleos atraíram contingentes migratórios consideráveis e, no ano de 1980 Teixeira de Freitas era um expressivo centro regional, com mais de 60.000 habitantes, sem ainda ser emancipado politicamente.





1.2 ESPACIALIDADE TERRITORIAL E SOCIAL
A localizaçao dos homens, das atividades e das coisas no espaço explica-se tanto pelas necessidades “externas”, aquelas do modo de produçao “puro”, quanto paelas necessidades “internas”, representadas essencialmente pela estrutura de todas as procuras e a estrutura das classes, isto é, a formaçao social propriamente dita.
O modo de produçao expressa-se pela luta e por uma interaçao entre o novo, que domina, e o velho. O novo procura impor-se por toda parte, porém sem poder realizar isso completamente. O velho é o modo de produçao anterior, mais ou menospenetrado pelas formas sociais e pelas tecnicas que correspondem ao modo de produçao novo, mas sempre comandado pelo modo de produçao novo. Daí chamar-se a esse modo de produçao atual, em plena exsistência, um modo de produçao puro: ele não se realiza completamente em parte alguma. Daí, igualmente, a história espacial ser seletiva ( SANTOS, 1972). Antes do atualperíodo tecnológico, vastos segmentos de espaço puderam escapar ao domínio, direto ou indireto, do modo de produção dominante, ou foram apenas atingidos por feixes de determinações limitadas.
As relações entre espaço e formação social são de outra ordem, pois elas se fazem num espaço particular e não num espaço geral, tal qual para todos modos de produção. Os modos de produção escrevem a História de tempo, as formações sociais escrevem-se no espaço.
Tomada individualmente, cada forma geográfica é representativa de um modo de produção ou de um de seus momentos. A história da formação social é aquela da superposição de formas criadas pela sucessão de modos de produção, da sua complexidade sobre seu “território espacial”, para empregar, ainda que lhe dando um sentido novo, a expressão de Jean Brunhes (1913). O modo de produção é , segundo A. Córdova (1974:118), “uma forma particular de organização do processo de produção destinada a agir sobre a natureza e obter os elementeos necessários da sociedade”. Esta sociedade e “sua” natureza, isto é, a porção da “natureza” da qual ela extrai sua produção, são indivisíveis e, conjuntamente, chamam-se território social.
De acordo com Said Sha, a formação social é ao mesmo tempo uma totalidade concreta e uma totalidade abstrata( SAID SHA, 1973). Seu ponto de vista deve reaproximar-se do de Ph. Herzog(1971:88-89), para quem modo de produção e formação social devem ser pensados teoricamente ao mesmo tempo. Para este último, “o modo de produção é a unidade, a formação econômica e social, a especificidade”, mas, acrescenta ele, “não há movimento de unificação, ao mesmo tempo, nãoreproduza sobre bases novas as especificidades”, regra que evitaria julgar o modo de produçãocomo uma essência, como um simples fenômeno.
As diferenças entre lugares são o resultado do arranjoespacial dos modos de produção particulares. O valor de cada local depende níveis qualitativos e quantitativos dos modos de produção e da maneira como eles se combinam. Assim, a organização local da sociedade e do espaço reproduz a ordem internacional.
Os modos de produção tornam-se concretos sobre uma base territorial historicamente determinada. Deste ponto de vista, as formas espaciaisseriam uma linguagem dos modos de produção. Daí, na sua determinação geográfica, serem eles seletivos, reforçando dessa maneira a especificidade do lugares.
Segundo Engels, o carater social dodo espaço geográfico decorre do fato simples de que os homens têm fome, sede e frio, necessidades de ordemfísica decorrentes de pertencer ao reino animal, ponte de sua dimensão cósmica. No entanto, á diferença do animal , o homem consegue os bens de que necessita intervindo na “primeira natureza”, transformando-a. Transformando o meio natural, o homem transforma-se a si mesmo. Ora, como a obra de transformação do meio é uma realização necessariamente dependente do trabalho social (a ação organizada dos homens em coletividade), é o trabalho social o agente de transformação do homem de um ser animal para um ser social, combinando esses dois momentos em todo o decorrer da história humana (ENGELS, 1978).



1.3 O SURGIMENTO DE NOVAS ATIVIDADES
As cidades locais mudam de conteúdo. Antes, eram as cidades dos notáveis, hoje se transformam em cidades econômicas. A cidade dos notáveis, onde as personalidades marcantes eram o padre, o tabelião, a professora primária, o juiz, o promotor, o telefonista, cede lugar à cadadeeconômica, onde são imprescindíveis o agrônomo (que antesvivia nas capitais), o bancário, o piloto agrícolo, o especialista em adubos, o responsável pelos comércios especializados
A cidade torna-se o locus da regulação do que se faz no campo. É ela que assegura a nova cooperação imposta pela nova divisão do trabalho agrícula. Porque ela é obrigadaa afeiçoar às exigências do campo, respondendo às suas demandas cada vez mais prementes e dando-lhe respostas cada vez mais imediatas.
Na medida em que o campo se moderniza, requerendo máquinas, implementos, componentes, insumos materiais e itelectuais, indispnsáveis à produção, o mecanismo territorial da oferta e da demanda de bens e serviços tende a ser substancialmente diferente da fase precedente. Antes, o consumo do campo e das localidades propriamente rurais era, sobretudo, um consumo consumptivo, tanto mais expressivo quanto maiores as sobras disponíveis, estes em função da importância dos rendimentos e salários, e, pelo contrário, tanto menos expressivo quanto maior a taxa de exploração, mais extensas as formas pré-capitalistas, mais significativo o coeficiente de auto-subsistência. Com a modernização agrícola, o consumo produtivo tende a se expandir e a representar umaparcela importante das trocas entre os lugares da produção agrícola e as localidades urbanas. A presença de agroindústrias é um fator suplementar de complexidade.
A rede urbana é cada vez mais diferenciada, cada vez mais complexa; cada cidade e seu campo respondem por relações espacíficas, próprias às condições novas de realização da vida econômica e social, de tal maneira que toda simplificação no tratamento dessa questão precisa ser superada.
De acordo com Santos, neste período em que há o fortalecimento das cidades intermediárias ligadas às novas formas de produção e consumo, um fato prara o qual nem sempre temos voltado a nossa atenção, merece ser realçado: é que noBrasil se dá, ao mesmo tempo, uma tendência à metropolização e à desmetropolização,. São tendências paralelas, o que nada tem de extraordinário, pois a época em que em que vivemos é um período onde o paradoxo é moeda corrente.(SANTOS,2008).
Há redistribuição, no território, das classes médias e dos pobres. Ofato de as classes médias redistribuirem-se territórialmente explica a importância das cidades intermediárias;e, por isso, desde1960, as cidades intermediárias praticamente crescem tanto as grandescidades, ainda queestas já não cresçam da mesma maneira.
A urbanização também aumenta porque cresce a quantidade de agricultores residentes na cidade. O Brasil é um país que praticamente não conhecia o fenômeno de village. Pode-se dizer que as principais aldeias brasileiras nascem modernas, neste período, com a colonização na Amazônia e no Centro-Oeste. O Brasil é também um país onde vamos ter rapidamente uma população agrícola maior que a população rural; a população agrícola se torna maior que a rural exatamente porque uma parte da população agrícola é urbana em residência. Um coplicador a mais para nossas velhas teorias de cidade-campo. A essa divisão social do trabalho ampliada, soma-se o fato de que as diferenciações regionais do trabalho também se ampliam.
Para Durkheim, havia dias noções importantes para entender a chamada morfologia social ( a denominação que ele queria atribuir à Geografia, como parte da Sociologia), as noções de densidade material e densidade moral. A densidade material é dada pela densidade de população e pela densidadedas obras dos homens, quer dizer a materialidade. E a densidade moral é dada pela frequência dos intercursos entre as pessoas, das inter-relações entre os homens; e ele chama também essa densidade moral de densidade dinâmica. À luz do nosso tempo, essas duas categorias continuam importantes para a copreensão da divisão territorial dotrabalho, sem a qual é difícil falar de geografia regional.
As cidades locis se especializam tanto mais quanto na área respectiva há possibilidades para a divisão do trabalho, tanto do ponto de vista da materialidade quanto do ponto de vista da dinâmica interpessoal. Quanto mais intensa a do trabalho numa área, tantomais cidades surgem e tanto mais diferentes são umas das outras.

Nas zonas onde a divisão do trabalho é menos densa, em vez de especializações urbanas, há acumulação de funções numa mesma cidadee, consequentementem as localidades domesmo nível, incluindo as cidades, são mais distantes umas das outras.













REFERÊNCIAS
MOREIRA, Ruy. Pensar e ser em geografia : ensaios de história, epistemologia e ontologia do espaço geográfico/ Ruy Moreira. 1 ed., 1ªreimpressão. – São Paulo: Contexto, 2008.
Revista Mosaicum – Faculdade do Sul da Bahia. Ano 2, n. 4 (ago./dez. 2006). – Teixeira de Freitas , BA. 106 p.
SANTOS, Milton. Da Totalidade ao Lugar/ Milton Santos. – 1 ed., 1. reimpr.- São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008.